Google + Jovem Foodie: Doces muito doces

30 de junho de 2012

Doces muito doces

Tem doce mais doce que o doce de batata doce? Tem, os que a gente vê na culinária brasileira. Vamos entender isso melhor?


Apesar de parecer que eu tenho um sweet tooth (queda por doces em geral), doces muito doces não me agradam. Tá, deixa eu explicar direito:
Sabe quando a gente é criança, e mistura leite condensado com achocolatado, e já come com um copo de água preparado do lado, de tão doce que fica? Isso é um doce muito doce, que causa aquela sensação "GLICOOOSE NA VEIA" que eu não gosto.
No Brasil, a maior parte das sobremesas é excessivamente doce. É o que dizem os foodies que já tiveram a oportunidade de comparar os nossos doces com os de estrangeiros.
Sabemos que esse paladar necessitado por açúcar tem a ver com o passado colonial brasileiro, que era ligado à cultura açucareira e canavieira, e também é ligado à confeitaria conventual portuguesa: quando os portugueses cá vieram, implementaram um sistema de agricultura com grandes canaviais. Da cana, se extrai o caldo de cana, que serve para fazer açúcar, rapadura, melaço. Apesar de o açúcar ser um "item de luxo", essa abundância de glicose prevaleceu.
E, já na bagagem das caravelas e naus, os portugueses trouxeram a cultura da doçaria conventual, ou seja, os doces que eram preparados em conventos. As freiras usavam a clara como goma de roupas, e as gemas que sobravam eram utilizadas em receitas (barriga de freira, pastel de natas, fios de ovos, pão de ló...).
Tudo bem que a cultura brasileira gosta, mas não significa que eu preciso dessa glicose toda de uma vez, né? A confeitaria francesa, por exemplo, apesar de ter uma ou outra receita mais "pesada" na glicose, apresenta sabores mais sutis.

Veja a foto no começo do post, que tem melaço de cana, bolo de rolo, doce de goiaba, quindim, baba de moça, pé de moleque, pudim de leite condensado, brigadeiro e rapadura. Quantas dessas sobremesas você já provou? Lembra do açúcar excessivo de todas elas? Chega a ser enjoativo, não é? Talvez não seja se você comparar dentro da própria confeitaria brasileira, mas agora, vamos ver o internacional:

A foto tem Sachertorte (Áustria), Profiteroles de massa choux (França), Cheesecake (estilo Nova York), Apple pie (Americana), Panna Cotta (Italia).
Em todas estas, você pode sentir as nuances de sabor dos ingredientes, ao invés da glicose pura. A Sachertorte - que você pode conhecer pelo restaurante Viena - de chocolate bem escuro, chega a ser seca à boca. A ausência do sabor excessivamente doce permite diferenciar o chocolate da cobertura, a massa e o recheio. Um cheesecake, mesmo com cobertura de doce de frutas, não é enjoativo. É tudo balanceado, equilibrado.

Por isso, quando eu vou fazer uma sobremesa que eu vou comer também, dou preferência aos sabores mais suaves. Meu cuscuz é light, não leva açúcar (e sim, um pouco de adoçante), meu brigadeiro de milho (já posto a receita) é adoçado apenas pelo leite condensado, minha pizza de chocolate é de ganache meio-amargo.
Quando falei que "minhas lombrigas" gostam de doces gelados, talvez seja porque a baixa temperatura amenize o excesso de açúcar. E quando eu for falar das lombrigas de novo, citarei doces que eu já fiz, e que são pouco açucarados. 
Agora você já entende porque minhas sobremesas são assim: é doce na medida certa para o paladar!

Abraços, foodie!
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